Em 2020, em meio ao turbilhão da pandemia, tomei uma das decisões mais importantes da minha vida: encerrar minha trajetória de 42 anos na enfermagem. Depois de tantas décadas cuidando de pessoas, percebi que era hora de cuidar de mim também. Foi um encerramento cheio de significado — e também o início de uma nova fase.

Com a experiência que já carregava de muitos anos atuando em bazares beneficentes, senti que ainda tinha muito o que oferecer, algo que me mantivesse ativa, criativa e conectada com as pessoas. Foi aí que nasceu o projeto do Cantareira Brechó.

Na mesma época, minha filha precisava de um espaço comercial, e decidi ajudar alugando um imóvel para dividirmos. O espaço era pequeno, com apenas uma vaga de garagem, mas bem localizado, numa avenida movimentada. Foi ali que comecei o que sei fazer de melhor: criar vínculos, acolher histórias e transformar clientes em amigos.

Com a ajuda de uma amiga brechozeira que me passou peças que não estavam vendendo bem, garimpos de lojas que estavam fechando e os primeiros fornecedores que foram chegando, fui montando o brechó mesmo com as portas fechadas. Em 2021, consegui minha dispensa definitiva da enfermagem e me joguei de vez nesse novo sonho.

O nome Cantareira Brechó foi sugestão do meu filho, Roger. A palavra “Cantareira” tem identidade e presença — é associada à serra, à represa, à natureza da nossa região — e se encaixou perfeitamente na proposta.

Comecei com atendimento presencial, mas logo ganhei visibilidade nas redes sociais. Participei de feiras famosas de brechós, fiz muito networking e me inseri de vez nesse universo apaixonante do reuso, da moda circular e do consumo consciente.

Hoje, quase cinco anos depois, o Cantareira Brechó está em um espaço lindo, amplo e bem mais visível, com estacionamento e toda a estrutura que o projeto merece. Tenho orgulho de dizer que o brechó cresceu e se multiplicou: agora somos uma equipe com três colaboradoras, realizamos vendas por lives no Instagram e mantemos um contato direto e acolhedor com nosso público, que só cresce.

E os planos não param por aí. Tenho projetos ousados para muito em breve — ideias que vão continuar levando o Cantareira além, com o mesmo propósito de sempre: valorizar o que já existe, cuidar das relações e vestir histórias com significado.